Confira a homenagem feita pela filha Andréa Deretti Lopes ao Sr. José dos Santos Lopes:
Sr. José dos Santos Lopes
Meu pai sempre foi um homem determinado e forte. Aos 92 anos, sentiu que o corpo não respondia mais às suas vontades, mas lutou até o final porque tinha uma vontade grande de viver, diria que era fome de vida.
Português de Maçãs de D. Maria, uma pequena vila perto de Coimbra, teve uma vida simples, rodeada de irmãos e com pais severos. Desde muito cedo sabia que aquele lugar era pequeno para seus sonhos. Foi buscar oportunidades no Brasil, onde desembarcou do navio depois de uma viagem de 30 dias, com um sonho e nenhum dinheiro no bolso. Trabalhou no próprio porto de Santos, assim que chegou, depois conseguiu um emprego como representante comercial em São Paulo e assim, começou sua jornada.
Depois de algum tempo já estava em Santa Catarina como representante de algumas indústrias alimentícias e conheceu a minha mãe, em uma de suas inúmeras viagens a trabalho, em um trem indo de Rio do Sul para Apiúna. Leontina era muito jovem, e meu pai suou para conseguir a aprovação deste namoro, afinal de contas, nada era fácil para um estrangeiro sozinho, sem referências, no interior do Estado. Mas o namoro engrenou, depois de pagar muitos bilhetes de loteria para a bisavó de minha mãe em troca de aprovação, veio o casamento.
Resolveram que Joinville seria uma cidade de muitas oportunidades de trabalho, e aqui se estabeleceram. Assim nasceu minha irmã Andira, e depois de 2 anos, meu irmão Marcos. Eu apareci depois de 15 anos, quando a casa já estava começando a ficar vazia, e lembro que ele falava que as crianças só tinham um defeito: elas cresciam. Conseguiu com seu espírito empreendedor montar um escritório de representações comerciais, e com seu talento conquistou tudo que sonhara: uma mesa farta para desfrutar com a família sempre reunida.
Personalidade forte, vaidoso, generoso, teimoso, homem prático que acreditava na força do trabalho. Foram inúmeras garrafas de vinho bebidas em boa companhia, mesa dividida com muitos amigos ao redor de seus famosos peixes ao forno, sempre regados com quantidades generosas de azeite de oliva, português, é claro. Muitos momentos de alegria compartilhados no Tênis Clube: aniversários, casamentos, batizados, o Cube praticamente fez parte de sua história, e o que ele mais adorava fazer: frequentar a sauna, onde ele tinha orgulho e espaço para compartilhar toda a sua vivência. Uma vida realmente sentida, vivida e amada por ele.
Quem não se recorda do Seu Lopes dizendo: “O importante não é o ter, e sim o ser”, ou ainda “Tens que fazer o que gostas” ou o clássico “Pensa que é só lazer? Tens que trabalhar”, esse último ainda ecoando nos nossos ouvidos, não é meus irmãos? E foi o que ficou: um pai orgulhoso do sucesso de seus filhos e netos, de completar 60 anos de casado, inquieto diante da vida e quieto na hora de agradecer à Nossa Senhora de Fátima todas as bençãos que recebeu.
Muitas histórias temos para contar e, com certeza, também os amigos que conviveram com ele. Mas agora chegou o momento de agradecer por este pai presente, que nos deu a segurança de seguir nossos caminhos e por todos os veementes “nãos” que recebemos dele, porque lá no futuro eles seriam realmente importantes.
Ficou a saudade, mas sabemos que fomos privilegiados em poder ter convivido com ele até os seus 92 anos idade. Sua presença está dentro de nós. As sementes do bem que plantou em sua vida, germinam em nossos corações e são nosso maior exemplo.
Com amor, sua filha
Andréa Deretti Lopes
Joinville Tênis Clube
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